O Cão de Água Português foi durante muitos séculos utilizado a bordo dos barcos de pesca como auxiliar dos pescadores. Na faina há sempre peixe que cai no içar das redes, cabos que deslizam borda fora. Então o cão tem um papel importante na recuperação do peixe e do cabo, o que consegue graças à sua magnífica aptidão natatória e capacidade de mergulho até alguns metros de profundidade. É tradição oral entre os pescadores da costa algarvia, que os cães detectavam muito antes dos humanos a presença de tubarões. Quando um animal se recusava, obstinadamente, a entrar na água, os pescadores aceitavam esta atitude porque tinham como certa a presença de um inimigo nas redondezas. Para além das tarefas piscatórias, o cão desempenhava também funções de estafeta entre embarcações e dela para a praia ou vice-versa, transportando mensagens ou objectos. Quando terminada a faina e descarregado o pescado, os pescadores abandonavam a embarcação na mira do merecido descanso. O cão continuava de serviço, desta vez como guarda de todo o património. De tal modo era reconhecida a importância das funções do cão, que este estava praticamente integrado na companha, com direitos atribuídos na distribuição do pescado, que iam de um quarto a metade do quinhão de cada pescador. Este peixe servia para a sua alimentação, da responsabilidade de um membro fixo da tripulação.
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